sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O boxe ressurge - até o próximo UFC



Esquiva Falcão: boxe de volta aos bons tempos - até o próximo UFC 
Em Londres, Esquiva Falcão conseguiu uma façanha para o esporte e o boxe nacional: superou o feito do bronze de Servílio de Oliveira, nas Olimpíadas do México em 1968. Esquiva garantiu ao menos a prata, na categoria até 79 kg. O irmão de Esquiva, Yamaguchi Falcão, também garantiu medalha para o Brasil (mais um bronze, pelo menos) e pode chegar à final dos meio-pesados.

Servílio: medalha ganha, glória esquecida

O bom momento do boxe olímpico brasileiro não reflete o atual momento do boxe, em nível mundial. O esporte está abandonado, sem prestígio, sem ídolos. No Brasil e no mundo o boxe é ofuscado pelo UFC e MMAs da vida. Ringues que já foram palco de lutas marcantes entre Mike Tyson, Evander Holyfield, Muhammad Ali, Éder Jofre e Arselino “Popó” Freitas foram substituídos por octógonos. Octógonos com aranhas, mutantes, ciganos e por aí vai.


É uma pena. Não desmerecendo os lutadores do UFC– ou os “gladiadores do terceiro milênio”, disse o sábio Galvão Bueno – mas o boxe tem uma aura que infelizmente foi apagada aos poucos. Um esporte que criou ídolos de geração em geração. 

Os milhões gerados pelo UFC de Dana White foram tomando o lugar de um esporte clássico, olímpico. O show criado por Dana faz reluzir aos olhos um espetáculo sem igual. Permito dizer que o UFC cria ídolos temporários. A comoção que Anderson Silva causa talvez seja efêmera. Sinal dos tempos, afinal o povo se cansa e quer novidades a todo instante.

Duvido que o boxe volte a ter a glória perdida, pelo menos não na próxima década. Infelizmente, os irmãos Falcão terão seus nomes gravados e estampados nos jornais, revistas, tv e sites, mas vai ser uma história que será apagada, assim como o bronze de Servílio de Oliveira foi.

Dana White, Spider, Sonnen, UFC e o octógono:
milhões no bolso e povo feliz 
Há os que acham que o UFC é mais importante que o boxe. Sim, hoje é, afinal gera mais dinheiro, mais audiência e é isso que importa. O MMA pode tornar-se esporte olímpico. E aí o boxe fica cada vez mais em segundo plano. O conceito de herói ou herói olímpico é cada vez mais exaurido. Herói nacional então, nem se fale – um exemplo raso, mas preciso é a lista do “Melhor Brasileiro de Todos os Tempos” promovida pelo SBT. Heróis que variam de atores que nem sabem o que é isso e políticos que acham que são Deus no céu e eles na terra.

Os irmãos Falcão são, sim, heróis nacionais, heróis olímpicos. Até a próxima luta “memorável”, “histórica” e “incrível” do UFC.

P.S.: Texto com a colaboração (e as correções) de Rafael Santiago, obviamente, lutador.

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