quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

"Doce de Mãe", simples e brilhante


E é necessário esperar 362 dias para assistir a um dos melhores produtos exibidos na tv em 2012: o telefilme – coisa rara e necessária na tv brasileira – “Doce de Mãe” fecha o ano com chave de ouro.

O estilo de Jorge Furtado, o diretor, está lá: narrações em off, câmeras com tomadas tradicionais, texto às vezes autoexplicativo demais e, claro, alguma cidade do sul do país – Furtado é gaúcho e é dono da Casa de Cinema Porto Alegre, que produz o filme. Mas há ali algo de diferente. Furtado jamais tivera trabalhado com Fernanda Montenegro. E aí que o bicho pega.

Uma senhora de 85 anos demite a empregada e decide viver sozinha, para desespero – e disputa – dos quatro filhos. Um joga para o outro e, no meio disso tudo, Picucha – o doce de mãe – se envolve em várias confusões. É uma deliciosa comédia e Fernandona brilha de tal maneira que é impossível não se render a essa doce mãe. É como se fosse uma mãe nossa, uma avó nossa. Os personagens são muito próximos da nossa realidade, o que contribui para a identificação do espectador.


Fernanda deita e rola no telefilme. A ação é toda concentrada nela e o gás de Picucha parece interminável. Os filhos, formado por um elenco tão estelar quanto Fernanda – Marco Ricca, Louise Cardoso, Matheus Nachtergaele, Mariana Lima, além da participação de Daniel de Oliveira – fazem do telefilme algo totalmente aberto para desenvolver-se na TV. Como já disse Jorge Furtado, o telefilme pode virar serie, só depende da disponibilidade do elenco – leia-se de Fernanda.

Acho essa possibilidade difícil. O elenco é estelar demais para reunir-se novamente e por um período mais longo. Não sei se isso é ruim. “Doce de Mãe”, em minha opinião, é daqueles produtos únicos, que se continuar, pode estragar. É pra ficar na memória, ser visto e revisto. A genialidade de Fernanda, juntamente com o elenco são sufucientes para deixar marcas em quem assistiu. Além disso, não acho Jorge Furtado um bom diretor para tv, apesar de alguns trabalhos. Na verdade, nem de cinema (apesar dos sucessos “Meu Tio Matou um Cara” , “O Homem que Copiava” e o clássico “Ilha das Flores”), mas aí já é uma opinião minha.

De todas as qualidades do telefilme, jamais imaginei rir com Fernanda. Um preconceito bobo, mas totalmente esvaziado quando, ao ver um lance de um jogo de futebol, Picucha manda um “VAI PRA CASA DO CACETA!”. Mas Fernanda e o elenco garantem a emoção ao cantar “Juízo Final” em uma das cenas. Só assistindo para entender.

Essa é a “Doce de Mãe”. Essa é Fernanda Montegero.

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